Atualmente, os canabinoides tem sido cada vez mais utilizados para tratar o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dentre eles, destaca-se o canabidiol (CBD), uma substância que apresenta inúmeros benefícios no tratamento de doenças, como Parkinson, Alzheimer, depressão e o próprio autismo. Contudo, grande parte da população ainda desconhece a eficácia do canabidiol para autismo e como o CBD pode favorecer pacientes e, principalmente, crianças que sofram do TEA.
Pensando nisso, elaboramos este artigo com tudo o que você precisa saber sobre o uso de CBD – canabidiol – no tratamento de autismo. Veja a seguir!
O que é autismo ou Transtorno do Espectro Autista?
Antes de entendermos o que é CBD e como ele pode ser utilizado no tratamento do autismo, vamos compreender melhor o que é o autismo e quais são os seus principais sintomas.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio psiquiátrico que afeta a capacidade de se comunicar e interagir do indivíduo. Ele também é definido como um “transtorno do desenvolvimento”.
Em geral, costuma ser diagnosticado ainda na infância, quando a criança tem entre 1 e 3 anos.
É importante salientar que o autismo não afeta o desenvolvimento do corpo, mas a capacidade de estabelecer vínculos com o mundo.
No autismo, o que ocorre é uma desordem de nível neurológico.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 aponta que, além da dificuldade para se comunicar, o autista tem a tendência de desenvolver padrões de comportamento repetitivos, como fazer um movimento de forma contínua e ininterrupta.
Embora todo paciente apresente essas características, a maneira como elas se manifestam varia de uma pessoa para outra.
Até hoje, não sabemos com exatidão o que provoca o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Contudo, algumas evidências apontam que razões hereditárias poderiam explicar parte do desenvolvimento desse transtorno.
A outra parte costuma ser relacionada a complicações ocorridas durante a gravidez, fatores ambientais e até mesmo desequilíbrios no metabolismo.
Sintomas e tratamentos para o autismo
Como dito anteriormente, o autismo afeta a capacidade de se comunicar e interagir, bem como padrões de comportamento do indivíduo. Por isso, os sintomas mais comuns são:
• Mudanças no comportamento
Adoção de hábitos e padrões repetitivos; certa obsessão com coisas específicas; dificuldade em utilizar a imaginação;
• Dificuldade para se comunicar
Um dos sintomas mais clássicos. A criança usa a língua de forma repetitiva e apresenta dificuldade para manter um diálogo;
• Problemas de interação social
Crianças que não conseguem expressar como se sentem, seja com palavras, expressões faciais ou linguagem corporal. Isso faz com que a criança tenha de enfrentar muitos desafios para conseguir fazer amigos.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5, a intensidade com a qual o distúrbio se manifesta pode ser classificada da seguinte forma:
- Pessoa tida como de “alta funcionalidade”: indivíduo em que os efeitos do espectro autista são mais leves. Nesse caso, a pessoa consegue estudar, trabalhar e ter interação social sem grandes problemas.
- Pessoa tida como de “média funcionalidade”: indivíduo em que os efeitos do espectro autista se manifestam de maneira um pouco mais severa, fazendo com que a pessoa precise de ajuda em algumas atividades.
- Pessoa tida como de “baixa funcionalidade”: indivíduo em que os efeitos do espectro autista se manifestam intensamente. Nesse caso, é provável que a pessoa precise de apoio especializado durante toda a vida.
Geralmente, com cerca de um ano e meio já é possível dar um diagnóstico preciso sobre o quadro da criança. No caso de pessoas com “alta funcionalidade”, mapear esses sintomas pode ser um pouco mais difícil e levar mais tempo.
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é feito, principalmente, analisando o comportamento da criança, sendo também importante o diálogo com os pais. Após, a criança receberá um tratamento específico, conforme o grau de manifestação de seu espectro autista.
Canabidiol e autismo: Qualidade de vida!
A sigla CBD se refere ao canabidiol, componente da Cannabis sativa. Ele recebe esse nome porque interfere diretamente em nosso sistema endocanabinoide.
Em suma, o CBD, ou canabidiol, é um anti-inflamatório, tem efeito relaxante, diminui as dores e, devido a isso, pode ajudar no tratamento de uma lista variada de doenças.
Agora que você já sabe o que é, vejamos como é a relação entre o canabidiol e autismo e como ele atua no tratamento e aumenta a qualidade de vida do paciente:
1 – Melhora na ansiedade
O CBD, ou canabidiol, no tratamento de autismo pode trazer uma significativa melhora na ansiedade do autista.
Pessoas com espectro autista frequentemente desenvolvem quadros de ansiedade. Geralmente, comportamentos obsessivos, repetitivos e a dificuldade de interação social podem, a longo prazo, fazer com que a pessoa se torne ansiosa.
Mas, com o óleo de canabidiol espera-se que o paciente possa relaxar, ficando menos ansioso.
2 – Tratar a epilepsia
Você sabia que cerca de um terço das crianças com espectro autista também têm crises de epilepsia? Essa descoberta, feita nos últimos anos, mostrou que ocorre uma mutação em um gene específico em pessoas com autismo. Essa mutação é chamada de CNTNAP2. Ela causa um encolhimento em alguns “ramos” dos neurônios da pessoa. Como resultado, a chegada e a recepção de mensagens no cérebro podem ser comprometidas, resultando em crises de epilepsia.
O uso do CBD canabidiol no tratamento do autismo é eficaz porque o canabidiol pode interagir com o receptor CB1 do sistema endocanabinoide. Esse receptor é capaz de reduzir as convulsões. Além disso, estudos têm mostrado que o uso da Cannabis medicinal, especialmente em casos de síndrome de Lennox-Gastaut, pode trazer benefícios significativos no controle das convulsões.
3 – Reprimir a psicose
Nos casos mais graves, o paciente autista pode desenvolver alguns tipos de psicose. São aqueles pacientes extremamente obcecados, que repetem padrões e hábitos de forma ininterrupta. Isso também pode ocorrer no caso de pacientes que não conseguem ter interação social de forma alguma.
Nesses casos, o canabidiol também pode ser útil, pois traz mais foco ao paciente e reduz a sensação de perseguição ocasionada pela psicose.
Estudos do uso do CBD canabidiol no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Vários estudos têm sido realizados com o objetivo de avaliar a eficácia do canabidiol (CBD) da cannabis medicinal no tratamento do autismo. Essa substância comprovadamente apresenta benefícios para inúmeros casos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias.
Uma revisão dos conteúdos científicos disponíveis revelou que o uso de CBD para autismo pode trazer melhoras significativas nos sintomas, como a redução da hiperatividade, do déficit de atenção e das crises nervosas. Além disso, pacientes com autismo tratados com CBD relataram uma melhora na habilidade de socializar.
Em um ensaio clínico divulgado pela revista científica Nature, foram analisados 188 pacientes com transtorno do espectro autista tratados com CBD. Mais de 90% desses pacientes relataram ter tido algum grau de melhora em seu quadro, enquanto apenas 8,6% não tiveram nenhuma melhora.
Outros estudos também apontaram resultados positivos no uso de CBD para autismo, incluindo pacientes com comorbidades, como o complexo de esclerose tuberosa. Os dados coletados mostram que o tratamento com CBD pode ser uma opção viável para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias.
É importante ressaltar que o uso de CBD para autismo deve ser realizado sob recomendação médica e acompanhamento especializado. Ainda são necessárias mais pesquisas e ensaios clínicos para entender completamente a eficácia e os possíveis efeitos colaterais desse medicamento.
Em resumo, os estudos disponíveis até o momento indicam que o canabidiol (CBD) da cannabis medicinal pode trazer melhoras significativas nos sintomas do autismo, proporcionando uma alternativa de tratamento promissora para pacientes e suas famílias.
Canabidiol para autismo : como usar?
O uso de canabidiol para autismo pode promover a desaceleração do cérebro.
Uma pessoa que sofre com transtorno autista apresenta um cérebro cuja atividade é extremamente acelerada, haja vista que existem muitos estímulos sobre os neurônios.
Devido a isso, o uso de canabidiol para autismo ajuda na diminuição dessa velocidade.
No Brasil, um paciente que deseje utilizar o canabidiol, além da receita médica, precisará também ser autorizado pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância.
Em 2015, a Agência retirou o canabidiol da lista de substâncias ilegais.
Porém, além da necessidade de receita e de autorização, um grande desafio encontrado pelas pessoas com o transtorno autista é o preço elevadíssimo desse medicamento, o que torna o acesso à Cannabis no tratamento de autismo ainda muito restrito.
O uso de canabidiol e autismo, bem como a dosagem e a forma de consumo do canabidiol, devem ser definidos pelo médico e paciente em conjunto.
Qual óleo e dosagem do CBD utilizar no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
Conforme dito anteriormente, o óleo de canabidiol e a dosagem serão definidos com o médico psiquiatra.
Todavia, há basicamente duas formas de estabelecer a dosagem da maconha ou cannabis medicinal para autistas e acompanhar a relação entre o canabidiol e autismo do paciente.
A primeira delas e mais comum é a famosa “tentativa e erro”. Nela, como o próprio nome sugere, o autista deve testar diferentes doses até encontrar aquela que lhe trouxer mais benefícios.
O recomendado é que se inicie com doses bem pequenas, de 5 a 10 miligramas.
Ademais, o grau do espectro autista influenciará na dose recomendada.
Outra forma – mais indicada – para estabelecer a dosagem da maconha ou cannabis medicinal para autistas é por meio do teste genético. Nele, são considerados o perfil genético e o transtorno em questão para estabelecer a dosagem correta.
Segundo recomendações feitas pelo estudo publicado na Nature, se o paciente estiver usando um óleo CBD com uma concentração de 30% de canabidiol, recomenda-se uma dose diária de 16 mg para cada quilo corporal.
Esse mesmo estudo recomenda que não se ultrapasse 600 miligramas diários de óleo canabidiol para tratar autismo.
Com relação ao consumo, as formas mais recorrentes são a ingestão oral, sublingual e também a inalação.
A ingestão oral da maconha ou cannabis medicinal, devido à necessidade de passar pelo sistema digestivo, pode levar um tempo maior para causar efeitos. Já a inalação e a administração sublingual são mais rápidas.
O uso da via sublingual (abaixo da língua) é um dos métodos preferidos dos médicos.
Além disso, há duas categorias de óleo CBD que podem ser usados:
- Isolado de CBD: contém maior dose de canabidiol, sendo, portanto, o mais utilizado.
- Extrato de espectro completo: apresenta outras substâncias da Cannabis sativa.
Efeitos colaterais pelo uso do CBD no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)
O uso de CBD no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA), assim como de qualquer outra medicação, pode vir acompanhado de alguns efeitos colaterais.
Os efeitos colaterais do uso de canabidiol podem ser:
- Tontura;
- Enjoo, vômito e vertigem;
- Febre;
- Sonolência;
- Sensação de boca seca.
O uso de CBD, ou canabidiol, por autistas, portanto, está sujeito a todos esses possíveis efeitos colaterais.
Conclusão
Neste artigo, exploramos os principais detalhes sobre o uso do canabidiol no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). É importante ressaltar que o espectro autista não tem cura, mas, com o acompanhamento médico adequado e o uso do canabidiol, é possível proporcionar melhorias significativas na qualidade de vida das pessoas afetadas. O canabidiol, derivado da cannabis sativa L, tem sido objeto de estudos para o tratamento de sintomas e comportamentos associados ao autismo. É fundamental obter informações precisas sobre o uso desse produto e compartilhá-las nas redes sociais, a fim de ajudar pacientes e suas famílias. Além disso, é importante ressaltar que o uso do canabidiol deve ser feito sob orientação médica, como parte de um tratamento mais abrangente que inclua outros medicamentos e terapias.