Legislação

OMS e cannabis medicinal: qual é a opinião da instituição?

Você sabia que a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a maconha da lista de substâncias perigosas?

Isso se deve ao fato que cada vez mais são difundidas as informações atestando sobre os benefícios medicinais e terapêuticos da maconha.

Durante muito tempo houve controvérsia entre a OMS e a cannabis medicinal, já que a OMS considerava a maconha como uma substância perigosa, mesmo não havendo nenhum registro de morte, intoxicação ou overdose por seu consumo.

Mas, e agora? Qual é a opinião da organização perante os diversos estudos envolvendo a planta?

Para descobrir os segredos, confira o texto a seguir!

OMS e cannabis medicinal: o que diz a instituição 

Atualmente, a OMS já reconhece os benefícios medicinais e terapêuticos do canabidiol. 

Segundo a organização, os canabinóides, a partir de sua interação com o sistema endocanabinóide, podem ser utilizados nos seguintes tratamentos:

  • Asma e glaucoma;
  • Depressão;
  • Estimulante de apetite;
  • Anticonvulsivante e anti-espasmódico.

A OMS ainda acentua que o interesse pelos tratamentos à base de canabidiol vem aumentando, tanto em países mais desenvolvidos quanto nos emergentes.

Além disso, o diálogo sobre aspectos sanitários da cannabis vem tendo mais atenção da mídia, principalmente no que diz respeito à proibição da maconha por políticas internacionais de combate às drogas.

Tendo em vista que, anteriormente, não havia essa atenção por parte da OMS, percebe-se que o debate público tem surtido efeito na instituição.

Estudos da OMS sobre a cannabis medicinal

Dentre os estudos realizados pela OMS acerca da cannabis medicinal, o principal deles é o artigo intitulado “Cannabis: Uma perspectiva de saúde e diretrizes de pesquisa”.

Neste estudo, a OMS sintetiza pesquisas iniciadas em 1993, onde resume as consequências à saúde sobre o uso da cannabis. A pesquisa também apresenta os conhecimentos atuais acerca da maconha.

Esse estudo é bastante relevante ao debate público entre políticos, oficiais de saúde pública, educadores e outros indivíduos que tenham preocupação com a promoção da saúde, já que atesta por parte da maior organização sanitária global sobre efeitos testados do uso da cannabis medicinal.

Em suma, o estudo indica que a quantidade elevada de canabinóides no corpo e no cérebro humano eleva o potencial terapêutico e medicinal da cannabis.

Além disso, indica diversas utilidades da cannabis medicinal no tratamento de doenças, além de comparar a cannabis com outras drogas. 

A OMS aprova a cannabis medicinal em quais situações?

Segundo as diretrizes da OMS, a substância é aprovada para os seguintes tratamentos terapêuticos:

  • Agente antiemético no tratamento do câncer com quimioterapia: a quimioterapia tem alguns efeitos colaterais nos pacientes que a ela se submetem. Dentre os principais sintomas, podemos citar náuseas e vômito. Portanto, utilizar o canabidiol ajuda a aliviar esses sintomas;
  • Estímulo do apetite em pacientes com AIDS: a anorexia e perda de peso é um dos sintomas causados pela AIDS. Neste caso, é possível utilizar a cannabis como estimulante de apetite;
  • Outras áreas com potencial terapêutico: a OMS indica que o THC consegue reduzir a pressão ocular e, por isso, pode ser um tratamento potencial para o glaucoma.

Além disso, a instituição também assevera que já resta demonstrado o potencial analgésico de alívio da dor em animais em humanos.

Outras propriedades terapêuticas mencionadas nas diretrizes da OMS para a cannabis medicinal são: anticonvulsivante, antidepressivo, anti ansiolítico e analgésico.

É verdade que a OMS tirou a cannabis medicinal da lista de drogas?

Em 2019, ano em que o estudo sobre a cannabis foi divulgado, também foi recomendado que a maconha fosse retirada da lista de substâncias perigosas da Organização das Nações Unidas (ONU).

Essa lista, de responsabilidade da ONU, serve para indicar quais substâncias são consideradas doping em eventos e jogos internacionais, como as Olimpíadas. Além disso, ela recomenda aos países quais fármacos devem ser proibidos ou liberados, conforme o seguimento dos estudos na área.

Posteriormente, a ONU aceitou as recomendações da OMS acerca da cannabis e de sua classificação.

Portanto, a cannabis deixou de ser uma substância perigosa sob a perspectiva da política internacional.

O impacto da aprovação da OMS para a cannabis medicinal

Após a OMS aprovar o canabidiol e retirar a maconha da lista de substâncias perigosas, denominada “Convenção Única das Drogas Narcóticas”, também foi recomendado que o tetraidrocanabinol (THC), um dos principais canabinóides presentes na planta, fosse removido da Convenção das Substâncias Psicotrópicas.

Esse novo posicionamento da OMS e adotado pela ONU deu início a um debate sobre uma possível reforma na política global que trata da cannabis.

Outro benefício promovido por essas mudanças foi a facilitação proporcionada no que diz respeito à comercialização global de produtos derivados da maconha.

Atualmente, uma das consequências mais notáveis foi que, nos Jogos Olímpicos de 2021, a maconha não estava mais inclusa no rol das substâncias de doping.

A sequência de aprovações representa uma grande vitória sobre a falsa premissa de que a maconha é uma droga. Inclusive, a Anvisa já permite a importação de medicamentos à base de canabidiol desde 2019, após recomendação da OMS, mesmo com a chegada de governantes conservadores ao poder

Importância da cannabis na medicina

Auxilia no tratamento de diversas doenças

Hoje em dia, a prescrição da cannabis como medicamento já é feita para tratar diversas doenças e seus sintomas, além de ser cada vez mais comum a fabricação de novos medicamentos com o princípio ativo à base da maconha.

Não só o canabidiol como também o tetraidrocanabinol já provaram seu potencial medicinal.

Os medicamentos à base de THC e CBD como dronabinol e nabilone são prescritos em forma de pílulas, tratando os sintomas de náusea e vômitos em pacientes com câncer submetidos às quimioterapias.

Esses medicamentos também são utilizados para estimular o apetite em pacientes com sintomas de anorexia e perda de peso decorrentes da AIDS, tratamento de esclerose múltipla, bem como também para tratar as crises de convulsão que ocorrem em pacientes que sofrem com epilepsia.

Terapias alternativas

A maconha e seus canabinóides funcionam como tratamento terapêutico alternativo ao interagir com o sistema endocanabinóide e os receptores canabinóides presentes no corpo humano.

Esse sistema tem um papel fundamental em aspectos como humor, apetite, sono, entre outros.

A cannabis estimula e regula o sistema endocanabinóide, o balanceando e harmonizando. 

Os poderes curativos da cannabis são extensos e bastante complexos. 

Em resumo, a planta contém um grande número de efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, podendo ser utilizada no tratamento de dores crônicas, inflamatórias e espasmos musculares.

Por ser um fármaco completamente natural e que não requer quase nenhum ou nenhum processamento químico, vem sendo preterida em relação aos medicamentos farmacêuticos quimicamente processados.

Produção de novos medicamentos

A cannabis possui mais de uma centena de canabinóides e, entre eles, os mais conhecidos são o CBD e o THC.

Os canabinóides são produzidos naturalmente no corpo. Mas, em alguns casos, o número de canabinóides produzidos não é suficiente para regular e harmonizar o sistema endocanabinóide.

Embora já se saiba que a cannabis e os canabinóides tenham diversos fins medicinais e terapêuticos, a ciência ainda não conhece todos esses benefícios advindos da cannabis.

Assim, a indústria farmacêutica também acompanha essa demanda e, como resultado, surge diariamente no mercado novos medicamentos à base de cannabis, ao passo que a lista só tende a crescer com maiores estudos científicos sobre a planta.

OMS e cannabis medicinal: existe dependência?

A maconha é uma planta que possui propriedades psicotrópicas advindas de seus componentes químicos.

Nesse sentido, as substâncias com efeitos psicotrópicos, por exemplo, o THC, podem causar dependência. 

Então, isso significa que a cannabis medicinal é droga? 

NÃO! Pois, também há a oportunidade de utilizar a cannabis medicinal, também conhecida como CBD.

Nela, não há nenhum relato de efeitos psicotrópicos em seu uso, mesmo que em excesso.

E o CBD causa dependência? 

Não, pois, como dito acima, o CBD não possui efeitos psicotrópicos.

Atualmente, são legalmente tolerados, na maioria dos países, medicamentos à base de cannabis que possuam, no máximo, 2% de THC em sua composição.

Portanto, o uso do canabidiol como medicamento é completamente seguro, e já se pode afirmar, com certeza, que a ideia do CBD causar dependência é completamente equivocada.

Conclusão

Como verificamos, a sinalização da OMS para o mundo sobre o uso de maconha medicinal no tratamento de doenças já está estabelecida, e tende a crescer.

Não podemos nos esquecer que, mesmo se tratando de maconha, um tabu em diversos países, grandes laboratórios pressionam os governos locais para fabricar e comercializar tais substâncias.

E quando grandes corporações entram no jogo, fica difícil de conter o avanço das pesquisas.

Ademais, grande sorte para quem pretende tornar o uso de CBD algo comum em sua rotina.